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Um pouco de história sobre a Camisa

Em algodão ou linho, listrado ou xadrez, em tecido francês, italiano ou nacional de alta qualidade, a camisa é certamente um símbolo de estilo e elegância por excelência. De fato, roupas clássicas não podem desconsiderar a camisa, um ingrediente essencial no guarda roupa.  Essencial tanto no mundo profissional, quanto em todos os contextos em que um certo bem vestir é necessário. A camisa, possui uma longa história e tradição que acompanha o homem desde o seu surgimento, evoluindo de sua forma mais primitiva para as atuais tendências inovadoras e até por que não dizer extravagantes.

A camisa, embora não entendida como é hoje, existe desde os tempos antigos em todas as culturas. O embrião mais simples e mais primitivo da camisa corresponde a duas folhas retangulares de tecido costuradas lateralmente e nos ombros, para serem usadas estritamente sob a túnica de tecido mais pesado. Essa vestimenta interior, em linho ou algodão natural, ficou muito em voga na Roma do século III DC Esse primeiro arremedo de camisa, documentado na Europa, durou até o ano 1000, e caracterizou-se por esse formato em “T”, com mangas cortadas num único corpo de tecido com um comprimento que alcançava cerca da metade do antebraço.

Na cultura medieval, além de ser usada como peça de vestuário para separar o corpo nu das roupas de tecido pesado, a camisa formava uma barreira contra a pele mal limpa. Foi muito usada durante o banho comum entre homens e mulheres, prática sistemática até o Renascimento. Sim, as pessoas tomavam banho de roupa!  Apenas lembrando o uso íntimo com o qual a camisa foi concebida, a regra da etiqueta era não tirá-la, na presença de uma mulher, o que seria um sinal de grosseria e pouca graça. A partir do final da Idade Média, a evolução da camisa deslancha, através do tecido de linho, de outros tecidos finos, transparentes e depois adornados com bordados em ouro, prata e também com o uso da seda.

No Renascimento, como testemunhado pelos retratos da época, a reputação da camisa cresce em termos de qualidade do tecido e dos ornamentos, tornando-se rapidamente um verdadeiro símbolo de status nos ambientes da alta sociedade. A camisa, como uma peça íntima, começa a aparecer do lado de fora das vestimentas mostrando, a princípio, uma fina faixa branca e, em seguida, expandindo para um formato de cacho de uva, só que neste caso rendas. Nesse contexto, a “Gorgeira” dá um forte impulso à moda espanhola, trabalhada como um favo de mel ou como uma roda de moinho, e se espalha amplamente por toda a Europa, tornando-se sinônimo de poder e opulência.

Gorgeira

Com a nova tendência do século XVII, as volumosas “Gorgeiras” perdem espaço, mas amplas e ricas esculturas e bordados passam a repousar sobre os ombros dos nobres. O majestoso Colar branco, estritamente preto na Holanda, confere à figura um contorno mais fino. O rei Sol, na corte de Versalhes, torna-se árbitro da moda francesa e europeia ao introduzir novos elementos formais, como babados, na rica moda barroca, caracterizada pela suntuosidade de suas rendas e seus jabots, símbolos espetaculares nos salões da nobreza. Foi ainda durante o período barroco que a camisa foi consagrada sobretudo graças à invenção da gravata, nascida como uma simples tira de linho branco que girava ao redor do pescoço e depois caía no peito.

Jabot

Nessa era da iluminação no vestuário, certamente a camisa branca se tornou o emblema daqueles que gozavam do privilégio de “não sujar as mãos”. Inicialmente era prerrogativa exclusiva das classes privilegiadas e com a Revolução Francesa o uso da camisa branca se disseminou, tornando-se uma peça de uso comum por toda a sociedade.

Embora a clássica camisa branca permaneça como protagonista, na segunda metade do século XIX, as camisas coloridas também foram encontrando seu espaço, no início, para uso exclusivamente diurno. O eco do mito da elegância do século XIX também foi amplificado pelos intelectuais da época, porta-vozes do esteticismo, como D’Annunzio, Oscar Wilde e, em primeiro lugar, Lord Brummel, que cunhou o termo “Dandy” como sinônimo de ostentação de elegância.

Na era contemporânea, uma camisa esporte usada sem jaqueta, geralmente em flanela e jeans, entraram na moda. Apesar de estrear como uma camisa de trabalho, foi posteriormente adotada pelos jovens como sinal de protesto. Além disso, durante a era do jazz, a camisa com dois botões no colarinho fez sua estreia,  ainda em voga hoje, especialmente nos EUA.

A camisa definitivamente perdeu sua característica exclusivamente nobre e ocupa seu espaço hoje nas várias classes sociais, mesmo nas mais humildes, na classe trabalhadora, que passou a adotar a camisa xadrez e de mangas curtas, quase que como um uniforme. De um ícone de riqueza, de nobreza, de símbolo intelectual, político, a um símbolo ou rótulo de uma classe social específica, a camisa acompanhou o homem ao longo da história, cobrindo papéis cheios de significado. Chegando até os dias atuais, a camisa é amplamente difundida, especialmente entre as novas gerações, com forte presença formal, esportiva, casual e informal, traduzindo o estilo de vida de cada um. Ninguém pode negar que a camisa continua ocupando seu papel de protagonista na elegância e como marca de bom gosto entre homens e mulheres.

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